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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O triunfo da soja transgênica




Até o atual governo, a plantação de soja com sementes geneticamente modificadas era ilegal, mas, como uma espécie de jogo do bicho, contravenção socialmente aceita, a produção de transgênicos se expandiu a tal ponto que adquiriu um status como aquele obtido pelas máfias em certas comunidades: acaba se tornando regra e lei. Se o governo FHC ainda empreendia algum combate à transgenia, embora frouxamente, ainda aceitando as restrições de estudos que apontavam as pesquisas até então realizadas como insuficientes para atestar se a produção geneticamente modificada iria causar prejuízos à natureza e aos homens, no atual governo o que era clandestino e episódico se tornou comum e majoritário. Já se tem como certo que mais metade da área plantada de soja do Paraná será coberta com soja transgênica na próxima safra de verão – algo ao redor de 70%. Uma expansão favorecida pelo predomínio da cultura no Oeste do Estado, onde mais se cultiva transgênicos no Paraná. O volume se apresenta ainda mais importante na medida em que a produção de grãos no Estado para a próxima safra tende a superar a marca de 20 milhões de toneladas, um impressionante aumento de 25% sobre a produção da safra anterior, enfrentando a crise com a receita mais lógica: produzir mais. Obviamente, nada que se alastra muito rapidamente e sem necessários cuidados deixa de apresentar sequelas e efeitos colaterais indesejáveis. No caso da soja transgênica, a praga conhecida como bulva da soja apresenta maior resistência entre as sementes transgênicas, que é apenas um dos seus aspectos negativos. O Paraná é um dos estados campeões em produção agropecuária no Brasil e ainda tem um imenso potencial a concretizar até chegar à última fronteira de sua capacitação produtiva. Com melhor infraestrutura, a aplicação de políticas adequadas de estímulo à diversificação e à elaboração dos produtos, o Paraná sairá logo da marca ancestral de mero produtor primário. Vai promover todo o ciclo do negócio rural e deixar para trás seu atual e incômodo status de vir tual “Estado nordestino” desgarrado na geografia, por seus baixos índices de IDH no interior, com poucas ilhas de riqueza boiando num oceano de pobreza. Há obstáculos e problemas a contornar, porém, e um deles se encontra justamente na expansão descontrolada da produção de soja transgênica. Em desobediência à lei, a produção de transgênicos cresceu de tal maneira que os produtores já nem sabem mais para que serve a lei: se para os ajudar a se defender ou para ser contrariada quando apetece. Assim, nota-se que intransigentes descumpridores da lei que restringia a semente transgênica são também intransigentes defensores da lei quando querem se defender dos sem-terra, enquanto que estes, por sua vez, defendem apaixonadamente a lei que favorece a imediata reforma agrária mas a descumprem ocupando mais e mais áreas. Chega-se, nesse caso, a uma situação em que lei boa é só aquela que nos favorece, e, com isso, poderemos nos declarar autorizados a descumprir aquelas leis que nos incomodam ou não nos interessam. Isso não vai dar boa coisa. Cedo ou tarde teremos que corrigir tais distorções.

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