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terça-feira, 13 de outubro de 2009

Nesta safra, o desafio é o mercado


Cotações em queda ameaçam corroer aumento na produção. Ainda abatido pelas perdas da última safra, produtor tenta vender no melhor momento, mas esbarra em incertezas.


Depois de um ano de perdas climáticas, o produtor de grãos terá de driblar o mercado para garantir boa rentabilidade na safra 2009/10, em fase de plantio. Boas perspectivas – como a previsão de crescimento da área da soja em 4% (para o recorde de 4,3 mi­­lhões de hectares) e a expectativa de produtividade até 20% maior no milho no Paraná – vêm sendo ofuscadas pelos indícios de como serão as negociações nos próximos meses.
A comercialização será mais difícil neste ciclo devido à safra recorde dos Estados Unidos e à maior produção prevista para a América do Sul, avalia o economista Paulo Molinari, da consultoria Safras & Mercado. No Pa­­ra­­ná, esse quadro mantém o produtor mais longe do mercado do que habitualmente. Perto de 10% da safra do verão passado, de milho de soja, ainda não fo­­ram vendidos.

A grande oferta de grãos no mercado internacional estaria abreviando os momentos de co­­tações lucrativas e tornando mais raros os bons negócios. Quem mais sofre são os produtores de regiões com desvantagens logísticas, como o Centro-Oeste do país. Problemas como o alto custo do transporte tendem a se mostrar mais pesados num ano de margens de lucro reduzidas.
“A baixa dos preços internacionais, associada à valorização do real diante do dólar no Brasil, é um grande problema a curto e médio prazo. O produtor não está vendendo. Enquanto isso, os preços bons passam. A oferta crescente tende a alongar esse quadro”, analisa Molinari.
Enquanto tomadores de preços, o que os produtores podem fazer para elevar sua lucratividade é trabalhar com vendas antecipadas, aproveitando as melhores cotações, mas poucos atuam no mercado futuro, por exemplo. A maior parte das vendas que antecedem a colheita é feita através de contratos que travam o preço do produto ou a cotação do dólar em relação ao real.
Na região agrícola mais favorável do país ao produtor de grãos, os Campos Gerais paranaenses, os agricultores ainda preferem vender no mercado físico. A menos de 200 quilômetros do Porto de Paranaguá, eles recebem mais por seus produtos, justamente pelo menor custo de transporte. E as lavouras são mais produtivas que no Cerrado do Centro-Oeste, pela alta concentração de matéria orgânica proporcionada pelo plantio direto na palha.
O produtor Newton Tra­­mon­tin, que atua nos Campos Ge­­rais, no município de Ipiranga, não conseguiu aproveitar as me­­lhores cotações do último ano e, com soja e milho estocados, prevê queda nos preços. Sua situação é um bom exemplo do que boa parte dos agricultores enfrenta. Ele ainda não vendeu 50% da produção de soja da safra passada e 40% da de milho. As 13 mil sacas da oleaginosa que sobraram estão em depósitos de indústrias que cobram R$ 1 por saca pela armazenagem durante o ano.
Outras 3 mil sacas de milho ficaram em armazéns próprios. Além dos preços baixos, é preciso assumir custos de armazenagem. Quando deixa o produto nos ar­­mazéns dos compradores, o produtor brasileiro perde po­­der de barganha. Escolhe o mo­mento da venda, mas se obriga a aceitar o preço de balcão. Quando os grãos ficam em armazéns próprios, ainda é possível escolher a melhor oferta do mercado disponível. Mesmo assim, atuando só no mercado físico, a segunda opção nem sempre faz diferença.
Para Tramontin, reservar a me­­­­lhor situação para o milho foi praticamente inútil, porque os melhores preços do ciclo pa­­recem ter passado. “Poderia ter vendido por R$ 26 a saca, mas a cotação caiu a R$ 18.” No ca­­so da soja, em sua região, o pre­­ço da saca passou de R$ 50, mas recuou a R$ 45.
A queda nas cotações está relacionada ao mercado internacio­­nal, mas no caso do milho é agra­­vada pelo mercado interno. O Paraná começou o plantio de verão com 33% do cereal produzido no último ano (ve­­rão e inverno) ainda nas mãos dos produtores. Dos 11,3 mi­­lhões de toneladas colhidos, num ano de quebra por causa da seca, 3,7 milhões não ti­­nham sido vendidos por produtores e cooperativas.


Fonte: Caminhos do Campo.

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