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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Um prejuízo de R$ 3,3 bilhões


Principais culturas do país devem dar uma receita 4,5% menor do que a da safra 2008/2009. Queda de preços é benéfica para o controle da inflação, mas prejudica produtores.

Os produtores do Centro-Sul do Brasil começaram a plantar neste mês a próxima safra de grãos no pior dos mundos: há queda dos preços em dólar das commodities agrícolas no mercado internacional e a moeda americana atingiu na quinta-feira R$ 1,69, a menor cotação desde setembro do ano passado. Como os preços agrícolas no mercado doméstico são balizados pelas cotações internacionais em dólar, a perspectiva é de que a receita obtida com a produção de soja, milho, arroz, feijão, trigo e algodão caia quase 4,5%, em termos reais, no ano que vem, segundo estimativa da RC Consultores.
Para a safra 2009/2010, a consultoria projeta que a receita real obtida com esses grãos atinja R$ 80,2 bilhões. Isso significa que os agricultores vão deixar de embolsar R$ 3,3 bilhões em relação à última safra, sem contar a perda na rentabilidade. Os cálculos da consultoria foram feitos levando-se em conta uma safra 138,4 milhões de toneladas de grãos, ante a produção atual de 135,2 milhões de toneladas. Já a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) e a Companhia Nacional de Abas­tecimento (Conab) preveem uma produção ainda maior para 2010, que pode chegar a 142 milhões de toneladas.
Se, de um lado, a maior oferta de grãos deprime ainda mais os preços e afasta o risco de inflação no País para 2010, ela pune os produtores. “Com esse cenário adverso, a agricultura vai continuar apanhando”, prevê o sócio da consultoria Fabio Silveira. Para a coordenadora de assuntos econômicos da CNA, Rosemeire dos Santos, “a única certeza do agricultor para a próxima safra é a baixa rentabilidade”.
A inversão nos preços dos grãos no mercado internacional, especialmente da soja, ocorreu em meados deste ano, ressalta Silveira. Nos últimos três meses, o índice de preços agrícolas no atacado calculado pela consultoria caiu 30% em reais. Essa queda reflete o recuo das commodities no mercado externo em razão da maior oferta de produtos, a saída de fundos especulativos do mercado de commodities, motivada pela perspectiva de baixa rentabilidade dos grãos, e a valorização do real ante o dólar.
A questão é que os produtores já tinham definido o que plantar e feito as compras de insumos quando o cenário virou. “Com­pramos o táxi e temos de colocar o carro para rodar”, compara o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Glauber Silveira. Hoje, 8% da área do Estado já começou a ser semeada com soja. Na semana retrasada, Glauber foi a Brasília para chamar a atenção do governo sobre o provável desastre em 2010. Ele se reuniu com técnicos dos Ministérios da Fazenda e da Agricultura para pedir um aporte de adicional de R$ 1 bilhão no orçamento federal. O dinheiro seria destinado à comercialização da safra 2009/2010 do Estado.
Por estar distante do Porto de Paranaguá, o que eleva os custos de exportação, o presidente da Aprosoja-MT diz que a produção de soja do Estado é a mais afetada pelos preços baixos. Nas contas do agricultor, só por causa do recuo do dólar nas últimas semanas, o produtor terá um custo adicional de R$ 3 por saca para transportar uma saca de soja até porto. Além disso, Glauber destaca que, com a soja cotada a US$ 9 por bushel (27,2155 quilos) na Bolsa de Chi­cago, não é possível cobrir o custo de produção.
No primeiro semestre, o produto chegou a ser cotado na bolsa a US$ 13 por bushel. O preço de US$ 9 por bushel corresponde a R$ 22 por saca de 60 quilos. E o custo de produção da saca em Mato Grosso é de R$ 25. “O preço atual da soja mal cobre os custos de produção na nossa região”, afirma o presidente da Cooperativa Agroin­dustrial dos Produtores do Sudoeste Goiano (Comigo), Antonio Chavaglia. Para ele, a mudança de rota dos preços internacionais por causa da maior oferta de soja no mundo e a valorização do real provocam uma grande apreensão dos produtores. “Hoje ninguém tem segurança de que vai plantar e conseguir tirar os custos de produção com a receita da venda da safra.”
Na sua avaliação, o fator que mais afeta a rentabilidade do agronegócio é o dólar. Rosemeire, da CNA, ressalta que o real valorizado e o preço em dólar das commodities em queda são fatores ir­­reversíveis para a safra 2009/2010 de grãos. Silveira, da RC Con­sultores, projeta para 2010 queda de preços em dólar para soja (6%), milho (8%) e trigo (9%). O cenário mais favorável, diz ele, é para o algodão, que tem a perspectiva de uma alta de 6% para 2010 em razão da queda na produção e do aumento das compras da China.
No caso da soja, a China, que foi uma grande compradora no primeiro semestre, freou as importações, diz Silveira, e passou a pressionar para baixo os preços, diante da oferta abundante. Segundo previsões do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, os três principais produtores de soja (EUA, Brasil e Argentina) terão supersafras.

Fonte: Gazeta do Povo.

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